Eu sempre amei ballet clássico. Tive na infância uma breve experiência, mas foi no ano em que completei 39 anos que decidi fazer aulas de ballet na Escola de Dança Maria Bailarina. A Dindi acolhe todos os corpos e todos os desejos de almas pulsantes que buscam na arte da dança a oportunidade de fazer os corpos físicos se conectarem com a essência e profundidade da alma.
Na época, ouvi a seguinte colocação: “Você é ridícula em fazer ballet clássico quase aos 40 anos. Isso é coisa de criança.”.
Não seria fácil ouvir tal declaração, se dentro da minha mais absoluta convicção, eu não estivesse realizando um sonho e mais que isso, alimentando a minha alma.
Eu segui em frente sem olhar para os lados, ou ouvir comentários depreciativos. Sabem por quê? Porque a alma é sábia, o coração sente e o corpo reverbera.
No final daquele mesmo ano, fui convidada para dançar em um momento de reunião de coordenadores pedagógicos. Sabia eu que esta fala poderia estar ecoando na mente daqueles que me viam dançar com pouca expertise, mas muita coragem em se expor na personagem do espetáculo daquele ano: Dorothy no Mágico de Oz.
Quando terminei a minha performance solo, comentei o que a pessoa havia me colocado, no início de 2010. Aproveitei e complementei o que havia respondido naquele momento:
“Quem dança é a alma e almas não possuem idade”. Neste momento complementei: “Vocês também podem achar que eu estou sendo ridícula, fazendo ballet com quase 40 anos. Mas digo para vocês que se eu sou ridícula, pelo menos sou uma ridícula fazendo o que lhe faz feliz”.
Não deixe ninguém dizer o que você pode ou não fazer. Reconheça a sua essência, sinta o seu caminho e siga em frente. A vida é muito breve para deixarmos para trás a grande oportunidade de vibrarmos em alma e optarmos por seguirmos feitos soldadinhos de chumbo na tosca expressão de nossas limitadas personalidades.
